domingo, 1 de janeiro de 2012

Entrevista com a DJ Flavia Liss

Flavia como foram seus primeiros passos?  
Desde pequena (o que não faz muito tempo rs), influenciada pelo meu irmão e pelo meu pai, cresci ouvindo todos os estilos musicais imagináveis, mas o que sempre me chamava a atenção eram as musicas mais dançantes. Lembro que no começo de 2000 foi uma febre de Dance Music, eu era fascinada pelo programa Transpiração, ia a todas as matines que tinha na cidade e ficava doida pra saber como “grudavam uma musica na outra” rsrs...

Em 2008 conheci o Fabiano (DJ Mãozinha) que me deu uns toques para aprender a fazer uns set’s e me indicou para um dos programas de rádio da região, o Metronight da Metropolitana FM, lembro bem do dia 16/05/08, com muita vergonha (o que pode não parecer rs), fui muito bem recebida pelo Jesse Bruno (Locutor/DJ) e o Alexandre Spada (DJ). Dai em diante não consegui parar mais, ser DJ era mais forte do que eu. 

Comecei a ter contato com os DJs do Vale, Sife, Ronaldo Brandão, Alexandre Rocha, Tom 100Freio, entre outros (desculpa se esqueci de alguém), e fui expandindo meu conhecimento de noite, de como era ser um DJ e sobre o mundo da musica em si.

No mesmo ano me especializei em um curso com o Alexandre Rocha, tudo pra mim sempre foi muito difícil, pois não tive apoio da família nessa minha “aventura” (já que eu só tinha 16 anos), então nunca tive equipamento, toda festa ou oportunidade de tocar era para estar treinando, me aperfeiçoando. Fui conquistando cada coisa ao seu tempo e posso dizer que foi muito importante pra mim essa “aventura” tanto no profissional como pessoal. 

Como é o mercado atualmente para a mulher que quer ser DJ? Por que?
Hoje em dia a aceitação da mulher no mercado de trabalho de modo geral é bem maior e na cena cresceu bastante e de forma muito positiva. 

Acredito que é porque nós mulheres depois de anos buscando a igualdade de direitos, quando nos propomos a fazer algum trabalho, sempre nos empenhamos para conseguir o melhor resultado, não queremos mais essa visão de sexo frágil, mas sim a de profissionais competentes, até porque lutamos por esse reconhecimento.

Passei por algumas situações de preconceito que infelizmente ainda passo, e digo mais, é muito difícil ouvir que “é apenas mais um rosto bonito” ou até mesmo “ela conseguiu porque é mulher e tem seus atributos”, então sempre tive que mostrar que era capaz!

Qual seu estilo musical e por que o escolheu?
Meus sets têm sempre uma levada de Prog House, Tech House e Dutch House, som com “pegada” e “swingado”. Eu me identifico com várias vertentes e consigo tocar um pouco de tudo que gosto. Bom prefiro não me rotular (hehe). Musica tem que ser para dançar e se acabar em uma pista de dança, eu gosto de bastante groove, um bom vocal, o que conta muito para uma musica ser marcante.



Onde mais gostou de se apresentar e por que?
É difícil dizer, cada lugar tem sua Vibe, é algo muito único. Já toquei num Club em Zürich que a casa só comportava 100 pessoas, a pista só comprotava 30 pessoas e foi uma puta noite. Já toquei em uma PVT com milhares pessoas, o que foi muito bom também. Enfim tudo é questão de Vibe, tive experiências fora do país, mas o Brasil me cativa, nosso país foi abençoado com o gingado e o calor humano que só nós temos. O importante sempre foi ver as pessoas dançando. Mas os lugares que marcaram minha carreira foram La Vive, Machina 8, Absinto Club, Diagonal (Zürich) e Le Petit Prince (Zürich/França).

O que mais te incomoda em uma noite de trabalho?
Pessoa bêbada e sem noção. Na época que eu era parte do publico, a admiradora de um DJ, ficava doida de raiva por não entender o porque eu chamei o DJ e ele não falou comigo, e depois eu fui saber, ele poderia estar mixando, procurando uma musica, etc...

Os bêbados são digamos o “terror” de qualquer DJ, chega querendo falar mais alto que a musica, derruba bebida na cabine, às vezes até nos equipamentos, tem que ter jogo de cintura pra lidar com essas situações. Já o sem noção fica em cima querendo saber todas as musicas, tudo que você está fazendo, chama toda hora, esse é um pouco pior que o bêbado, porque ele está totalmente consciente, e se você não der atenção só vai piorar (rsrs).

Acho super bacana vir pedir musica (claro, dentro do estilo que está sendo tocado), se apresentar, elogiar, pedir contato, cd e tudo mais... Mas tem que saber que na hora que o DJ está tocando e pede pra esperar um pouco é porque de fato àquela hora ele está fazendo algo importante, não é questão de indelicadeza ou ser chato (usaria outra palavra, mas me censurei rs) até porque a musica não pode parar (hehe).

O que mais lhe deixa satisfeita em uma noite de trabalho?
Satisfação é uma pista dançando sem parar, mãos para cima, cantando junto com a musica, é muito prazeroso, sensação de dever cumprido!

Pra mim a musica está diretamente ligada as emoções, e todos nós temos trilha sonora para todos os momentos em nossa vida, então sem duvida é muito bom esse feedback.


Tem algo na profissão de DJ que lhe incomoda? O que e por quê?
Existem algumas coisas que me incomodam bastante, mas o que eu mais fico inconformada é como os profissionais estão querendo comer vivos uns aos outros.

Quando entrei na cena, o que mais me incomodava (e incomoda) é a falta de ética tanto no pessoal quanto no profissional de alguns, já teve situações de eu chegar à minha casa após uma noite de trabalho chorando e dizer “eu não quero mais isso pra mim”.

Eu sempre consegui ter bons relacionamentos, dificilmente levantei bandeira para alguma questão, porque achava desnecessários certos comentários que já li e ouvi por ai, então nunca quis colocar lenha na fogueira, por serem assuntos banais.

A desunião no meio sempre me chamou a atenção. Temos que começar a enxergar que nenhum DJ é rival de outro DJ, ninguém é concorrente, cada um tem sua particularidade, ninguém consegue roubar brilho de ninguém, mesmo porque nós não estamos aqui para agradar a outros profissionais, mas sim o publico. 

Falando de mim como muitos, se eu não tivesse ajuda de muitos profissionais do ramo ao longo da minha carreira, como continuo tendo, e sei que ainda vou ter e precisar, eu não seria quem eu sou, e nem quem eu possa vir a ser. Aceitar ajuda para se aperfeiçoar, escutar, observar (mais do que falar asneira) e ter bons relacionamentos, não te diminui como profissional, muito pelo contrario, ajuda pra caramba.

Estamos de fato lutando pela mesma causa, termos nossa profissão reconhecida, então não existe motivos para rivalidades.

O mercado de e-music está se expandindo, abrindo novas portas, criando novas oportunidades, tem ai uns que estão se aventurando, mas não vale à pena esquentar a cabeça com quem quer brincar, nesse caso acredito muito na lei de Darwin! Como quaisquer outras profissões existem os charlatões, existem os que acham que são os “melhores dos melhores do mundo”, mas só se destaca o bom profissional, quem faz o seu trabalho com comprometimento, respeitando o trabalho dos outros e acima de tudo aquele que tem humildade para aprender, seja um novato ou um veterano.

Existe algum projeto em que está envolvida? Qual?
Atualmente estou com dois projetos pela DJ Sound o Back2Girls onde tenho parceria com a Camila Dantas em uma apresentação de Back2Back. O som é voltado para o House Comercial e uma performance interativa com o público. E também o Special Ladies que é um tour pelo Brasil, onde eu e mais três DJ’anes, fazemos apresentações solo, em club’s pelo país e levamos a marca e cobertura da DJ Sound e a produção dos eventos da DJ Sound Party. Para conferir www.djsound.com.br

E para 2012 (se o mundo não acabar hehe) novidades a caminho, algumas apresentações na Europa e também estarei me dedicando a produção musical, apenas me dedicando, pois meu foco é ainda é ser DJ... Enfim aguardem, tem coisinhas boas vindo por ai... =D

Como você vê o Vale do Paraíba referente ao mercado da musica eletrônica e profissão de DJ?
O Vale sempre foi considerado um dos pólos da e-music mais importantes do Brasil e até fora daqui, nossos profissionais sempre foram considerados habilidosos e performáticos, em destaque para Beto Pista e o Marcelo Paixão, que infelizmente não tive oportunidade de conhecê-lo, mas o considero um exemplo. Entre outros como Alex Cristiano como DJ e agora se destacando como produtor, Paulo Couto que tem suas tracks tocadas por grandes nomes internacionais, Alex Andrade que teve seu remix lançado no álbum de Infected Mushroom, e outros DJs e produtores como Viktor Mora, André Bastos, Marcelo Tromboni, entre outros.

Nossa maior carência é em casas noturnas conceituadas, já tivemos Clubs bons que se empenharam em manter apenas o conceito da E-music, mas não sei se é por falta de cultura musical da nossa região ou desinteresse dos “empresários”, não tivemos muito resultado.

O Machina 8 segue como um exemplo do que precisamos aqui na região, já brinquei com o Ricardo (Banana) “ainda viro uma concorrente à altura” (hehehehe), vai que cola?! =D

O que recomenda aos jovens e principalmente as meninas que iniciam agora a carreira de DJ?
Tenha foco! Estude musica, estude o meio em que você trabalha, conheça mais sobre a historia da E-music e se dedique ao aprimoramento de suas técnicas e idéias. 

O mundo hoje em dia sente necessidade de inovação, seja criativo e principalmente AME muito que você faz, tem que ter muito amor viu! Como um grande profissional e amigo meu sempre diz: NUNCA TENTE ser maior que a MUSICA, pois a musica SEMPRE será maior que tudo! (Alex Hunt)

E meninas vamos nos manifestar e mostrar que somos boas no que fazemos sim, explorem o que há de melhor em ser mulher, e mostrem que somos boas profissionais, além de sermos belas mulheres (rsrs).


E fazer parte do grupo DJSOUND, o que isso representa para você?
Pra mim é uma honra! Eu sempre olhava o site, e ficava imaginando que algum dia teria meu nome ali, ou uma matéria minha, ou sei lá tipo sonhava (hehe). O convite veio tão naturalmente, e não preciso dizer que não pensei duas vezes (rsrs). 

Representar o Vale com a marca DJ Sound, que tem 21 anos de mercado, sendo uma das maiores revistas sobre Musica do Brasil, com grande referencia em outros países, com certeza é uma realização e responsabilidade muito grande, espero continuar fazendo meu trabalho direitinho (rsrs).

Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos internautas que vão ler sua entrevista? 
Agradeço a todos os leitores que tiveram paciência e gentileza de ler essa entrevista até o final, ao Blog I’m a deejay pela oportunidade, e aos meus amigos e admiradores que acompanham o meu trabalho pelo carinho de sempre. Sem vocês eu não estaria aqui para contar um pouquinho sobre mim e minha carreira. Fazer do trabalho uma diversão levada a sério!!!

Beijokas e Abraços! Sucesso para todos =D

Facebook: www.facebook.com/flavialissdj
Twitter: www.twitter.com/djflavialiss
Set’s: www.soundcloud.com/djflavialiss
E-mail: contato@djflavialiss.com
Bookings: www.djsound.com.br