quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ENTREVISTA COM DJ ALEXANDRE SPADA

Quando e como passou a ter interesse pela profissão de DJ?
Como nasci em São Paulo, tive a oportunidade de visitar uma matinê logo aos 5 anos de idade, levado por minha mãe, é claro. Foi como descobrir um mundo novo. Inesquecível!

Essa casa noturna era próxima de onde morava e minha mãe era amiga do proprietário. Virei um frequentador assíduo (rs). Sempre que íamos, ficávamos em um camarote próximo à cabine do DJ. Tudo aquilo me hipnotizava. Não desgrudava os olhos dos equipamentos tentando decifrar como tudo funcionava. Eram os primeiros indícios de minha “aptidão”, que foram se tornando cada vez mais evidentes. Hoje percebo que seria inevitável não trabalhar um dia no ramo de alguma forma.

Como foi seu inicio na profissão?
O fato de minha família ser muito ligada à música, principalmente minha mãe, me proporcionou uma bagagem cultural diferenciada. Cresci ouvindo disco music e programas de rádio de grandes DJs da época, que tocavam o que posteriormente daria origem à atual dance music.

Passava horas gravando musicas de rádio em fitas k-7 (rs) para usá-las nas festinhas do meu colégio. Desde essa época, discotecar já me dava muito prazer. Acho que fazia bem (rs), as pessoas gostavam.
Mesmo morando em SP, não tive muito contato com o meio profissional. Passei uma infância e adolescência muito caseira. Pena não existir Guitar Hero naquela época (rs).

A mudança de minha família para Cruzeiro, em 2002, foi um marco em minha vida.
Logo em seguida um primo de SP também se mudou para lá. Ele construiu o primeiro mixer no qual toquei (rs). Tudo caseiro, com peças de eletrodomésticos (rs), mas cumpria seu propósito (rs). Nessa fase, começamos a animar as festas da escolinha que minha mãe tinha.

Eu não possuía noção nenhuma de mixagem, de pitch e compasso. As informações não eram tão acessíveis como hoje. Sempre achei que os DJs faziam cortes precisos nas musicas e por isso praticava muito para tentar desenvolver essa habilidade, mas nunca ficava como queria (rs). Foi quando conheci você Fabiano Garcez, o Rodolfo e o Fabiano Bittencourt, que já tocavam e conheciam todas as técnicas. Então passei a entender o processo e praticar da forma correta.

Alguns anos depois, consegui comprar meu primeiro equipamento com o dinheiro que eu deveria tomar lanche na escola (rs). Eu não gastava nada, tudo que ganhava era destinado à compra de CD’s e posteriormente do meu equipamento. Minha família não sabia, e é claro que demorei um bom tempo para conseguir juntar (rs), mas sem dúvida valeu o esforço!

Já com a técnica mais apurada, veio minha “1ª vez” (rs). Você Fabiano Garcez era o DJ da festa onde eu estava, a pista bombando e você me passou o fone. Eu tremi muito (rs), mas a virada foi precisa e a sensação de comandar a pista foi ímpar. Tive a nítida certeza de estar no lugar certo. Aliás, a cabine é o local até hoje onde me sinto mais à vontade em uma festa (rs).

Nós sabemos que o mercado é muito competitivo, e as oportunidades não rolavam. O que me deu evidência e fez com que meu nome entrasse na mídia foi a residência na extinta OVNI Entertainment Center, em Mogi das Cruzes. A 5ª maior casa de espetáculos da América Latina na época.

Entrei na casa antes de sua inauguração como ajudante geral. Fiz coisas que jamais imaginei um dia fazer. Passei cabeamento, coloquei piso, textura nas paredes. Foi um período extremamente difícil, mas eu sentia que as coisas iriam mudar. Meu sonho me motivava.

Após a inauguração, logo virei assistente de palco. Meses depois assumi a função de LJ. Daí para me tornar DJ residente foi um pulo (rs).

É claro que a história é bem mais cheia de detalhes (rs), mas não dá para contar tudo aqui (rs).

Quem foram suas referências no inicio de carreira?
Acredito que são as referências da maioria dos Djs da velha guarda (rs). Ouvia muito Ricardo Guedes, Iraí Campos, Ricardo Copini, Vadão, Deeplick com seus famosos MegaDeep e outros.

O que prefere CDJ ou Pick up? Por quê?
Não vou ser hipócrita em dizer Pick-Up, mesmo porque já comecei na era do CDJ. Além disso, a mobilidade da tecnologia atual é fantástica. Embora ela tenha facilitado demais a vida dos novos DJs (rs). Sou contra contadores de BPM e funções SYNC. De qualquer forma, não podemos resistir à tecnologia.

Qual a diferença do mercado de hoje e quando você iniciou sua carreira?
O mercado mudou muito, hoje tanto os estilos musicais quanto o público são mais segmentados, exigindo uma especialização maior no segmento que se deseja discotecar, sempre focando o nicho de seu público alvo.

Ainda falando do público, dependendo da região, é sensível a diferença de feeling. As pessoas reagem mais ao que você faz na cabine, entendem o que está acontecendo e até diferenciam as muitas vertentes do mesmo estilo musical. Isso é motivador.

Por outro lado, o mercado ficou um pouco saturado. Hoje todo mundo acha que é DJ (rs). Descobre um site bacana com download de MP3, compram um Controlador por uma bagatela no Mercado Livre e pronto! Isso sem contar o valor do cachê (rs).

Hoje o DJ tem mais facilidade em conseguir trabalho do que antigamente?
Acredito que atualmente se tornou mais fácil expor seu trabalho. Vemos links de sets ou tracks upados em servidores com centenas de acessos em poucas horas.

A questão das mídias sociais também propiciou a ampliação de networking, tornando pessoas importantes do ramo mais acessíveis. Porém, nada substitui o cara-a-cara (rs).

Seu currículo é sempre muito avaliado. Não adianta tocar anos Trance e tentar trabalho na linha Techno sem que haja uma rejeição inicial. É claro que os eventos que participou e as casas que já tocou vogam muito.

Quais os estilos musicais tocados pelo DJ Alexandre Spada?
Sou bem eclético (rs), eu toco Electro House, Progessive House e Tech House.  Deu para perceber que gosto de House, né? (rs) Utilizo cada uma das vertentes conforme a demanda e raramente misturo os estilos em uma única festa.

Conforme o livro de Claudia Assef, todo DJ já sambou. E você? Como foi?
Quem nunca sambou? (rs) Claro que sim! Principalmente no começo da carreira. Na OVNI, em Mogi, o publico conhecia muito a técnica e por isso paguei alguns micos. Uma batida que estivesse minimamente fora, a pista já cobrava forte, mas viradas precisas eram ressaltadas com gritos e até aplausos.

Qual(ais) a(s) melhor(es) festa(s) em que já tocou?
A terceira edição da Urban Beats em São Paulo foi sensacional e realmente deixou saudades.

E onde tem vontade de tocar?
Skol Sensation e Exxperience, festas que são referências até para os leigos no assunto (rs).

Como você vê o cenário da musica eletrônica na nossa região?
Melhorou e cresceu absurdamente. Temos vários DJs realizando um excelente trabalho e também produzindo, o que é uma grande tendência. A cultura musical do publico também melhorou muito. A internet facilitou o acesso a novas culturas e segmentos musicais.

Outro fator que não posso deixar de citar, é a vinda das rádios em rede para o Vale, mesmo que não sejam específicas no segmento de e-music, mas servem como uma ótima fonte de referencia.

O que pode ser feito para atrair mais adeptos para a música eletrônica?
Sinceramente? Eu acredito que mesmo com o avanço da web, os meios de comunicação tradicionais (rádio e tv) ainda exercem forte influencia na sociedade. Veja o exemplo de Let The Bass Kick In Miami Beach e We No Speak Americano. Apareceu na TV vira hit entre todas as classes sociais, sem distinção.

Por que São Paulo conseguiu desenvolver uma cultura musical invejável entre seus habitantes? Pode ter certeza que as rádios locais tem importante papel nisso. Então, resumidamente, estar mais nas mídias de massa causaria um “boom” no cenário.

Aproveitando o assunto rádio, conte-nos sobre sua experiência nesse setor.
Paralelamente às festas, sempre procurei fazer programas de rádio. Tenho uma tendência também para comunicação (rs).

Dentre os programas de rádio que fiz, posso citar o CyberMant, Happy Hour e Dopping, todos da Rádio Mantiqueira em Cruzeiro e o Metronight da Metropolitana FM.

O destaque sem dúvida foi o Balada Total, um enlatado idealizado por mim e Cris Ro7.  Chegamos à marca recorde, como o único programa totalmente produzido no Vale a ser retransmitido por mais de 30 emissoras espalhadas pelo Brasil. Era fantástico, eu e o Cris nos entrosávamos de forma excepcional. Toda gravação era uma diversão (rs).

E o futuro, o que podemos esperar do Dj Alexandre Spada?
Musicalmente, minha aspiração principal para 2011 é a produção. Ainda estou engatinhando, tenho muito a aprender principalmente em masterização, mas já evolui bastante. Atualmente tenho 4 faixas produzidas e liberadas para download na net. O nome do projeto é A-Brain, não assino as tracks com meu nome. Faz parte de meu sonho, tocar e ver as pessoas tocarem minhas musicas.

De todas as coisas que são relevantes, qual a mais relevante que o público precisa saber referente ao DJ Alexandre Spada?
Desde o começo, nunca fui movido por dinheiro e status. Esses fatores acabam sendo consequências indiretas. Tudo o que faço é com muito amor e paixão. Não sei viver sem música.

Sempre possuí bem definidos meus conceitos de certo e errado, de bom e ruim. Ajo coerente a eles desde que comecei a tocar e não me vendo por dinheiro.

Todos temos uma fonte revitalizadora para os momentos de dificuldade. A minha sempre foi a musica. Ela me renova e me motiva!

Ser DJ trascende conceitos. Está em meu sangue. Foi meu sonho de infância e hoje é minha realidade.

5 comentários:

  1. Fabiano, gostaria de agradece-lo pelo convite.
    Foi muito divertido fazer a entrevista, e principalmente muito bom rever um amigo de longas datas.
    Ah, os salgados também estavam ótimos!!! kkk :-P

    Seguem abaixo meus contatos. Leitores que queiram saber um pouco mais, fiquem à vontade.
    Forte abraço. :-D

    Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=1655154601

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    MSN: djalexandrespada@hotmail.com

    Tel.: (12)8122-4988
    1 de dezembro de 2010 10:05

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns, Spada! Posso confirmar que você é mais que tudo isso que está escrito ai.

    Sucesso sempre!

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