quinta-feira, 15 de março de 2012

Os Mestres da Restauração

Como qualquer ser humano, todos nós temos sonhos a serem realizados e como o foco do blog são os DJs e admiradores da profissão, eu acredito que o sonho de consumo, pelo menos para a maioria, deve ser um par de toca-disco TECHNICS. Nome da empresa, que se tornou famosa principalmente ao grande sucesso dos toca-discos, demonstra como este equipamento é parte da história da discotecagem no mundo todo. Até hoje, mesmo com a alta tecnologia, os toca-discos são cobiçados pela sua história, qualidade e design, tornando-o inclusive um belo item de decoração. Infelizmente, nem mesmo com a soma destes fatores foi possível manter este produto no mercado e em 2010 a Panasonic, proprietária da marca Technics, anunciou a paralisação da fabricação dos mais famosos toca-discos da história. E agora? Pensaram os DJs que ainda sonhavam com um par de MKII em seu estúdio. A resposta é simples, agora você precisará contar com um tipo de profissional que talvez já mais tivesse pensado que poderia precisar, estamos falando do Restaurador.

Para clarear um pouco as idéas, convido a todos para um rápido resumo do que se trata o termo restauração e como o mesmo é visto desde a antiguidade.

A restauração é um conjunto de atividades que visa restabelecer danos decorrentes do tempo em um bem imóvel ou móvel.

Os antigos gregos já priorizavam a conservação de suas obras, praticando a Conservação Preventiva e Restauração, pois faziam a seleção de materiais e técnicas para a execução de suas esculturas e pinturas. Na Roma antiga, a restauração era vista como magia, pois o restaurador era aquela pessoa especial que dava vida à obra através do realismo obtido pelas intervenções. Na Idade Média, as obras sofriam intervenções “utilitárias” ou de gosto, e o restaurador era considerado o artista, pois as “corrigia”. Em 1930, iniciam-se o estudo sistemático da estrutura e a valorização da documentação; com a Segunda Guerra Mundial, destrói-se parte importante do patrimônio europeu; a Restauração sai do empirismo e busca bases cientificas. Quanto mais o tempo passa mais importante é a habilidade da Restauração para a humanidade e por esse motivo técnicas são estudas e cada vez mais aperfeiçoadas para garantir que a história não fique somente nas nossas memórias, mas ao alcance dos nossos olhos.

Que os objetos envelhecem, sejam eles de qualquer tipo ou material, nós já sabemos, e desse modo, devemos sempre ter cuidado para que eles não sofram com alterações ambientais, com vandalismos e principalmente com o esquecimento, mas se isso acontecer é bom lembrar que temos profissionais que realmente possuem o dom de restaurar e até modificar esses objetos trazendo aos seus proprietários a possibilidade de reviver o passado com a qualidade do presente que certamente irá garantir a durabilidade do mesmo no futuro.
Voltando para a nossa realidade, o mundo da discotecagem, falaremos de profissionais que realmente fazem a diferença com o seu trabalho e que sem dúvida nenhuma podem ser chamados de Mestres da Restauração.

Com 37 anos, Arles Caetano vive em Osasco/SP e trabalha como DJ desde os 15 anos. “Sempre que possível realizava alguns consertos e retoques de pintura nos toca discos dos amigos, um belo dia eu percebi que aquela habilidade poderia render um dinheiro extra e ajudar na atualização dos meus equipamentos e na compra de vinil e por isso decidi atuar de forma mais profissional”.

Arles Caetano

O inicio foi parecido também para o Fabio Leonardo da Silva, 30 anos, residente em Araraquara/SP e DJ a 17 anos. “Percebi que podia fazer restauração quando reformei meu 1° par de Technics em 1997, depois disso comecei a trabalhar para os amigos”.

Fabio Leonardo

E a história se repete para Veilton Freitas, 40 anos, residente em Campos/RJ e DJ a 27 anos e Jean Pinheiro, 36 anos, residente na Praia Grande/SP e DJ a 24 anos. Ambos também começaram no negócio utilizando os amigos como um caminho para aquisição da experiência e precisão na execução do trabalho.

Veilton Freitas

Jean Pinheiro

Mas realmente há procura por este serviço? “Com a chegada da era digital o comércio de toca-discos voltou com tudo” diz Arles, o que resultou em um aumento expressivo na procura por esse tipo de equipamento. Fabio concorda com a situação do mercado, “O mercado está super aquecido, tem serviço para todos. Eu recebo muitas MKs e peças de fora do país”. Veilton, explica ainda que os encontros de DJs cresceram bastante e como os toca-discos são peças fundamentais neste tipo de evento a sua procura só aumenta.

A maior prova do sucesso deste negócio é a confissão de todos os profissionais que participaram desta matéria dizendo que a maior parte da renda atual é oriunda da restauração e que a discotecagem acaba sendo secundaria na receita mensal. Arles ressalta ainda que a restauração rende um salário melhor do que sua formação em logística, atividade na qual atuou por 10 anos. “A restauração é uma paixão” diz Fábio. “Tenho prazer no que faço”, registra Veilton.

Para quem já possui um par de toca-disco, uma restauração pode custar em torno de R$ 600,00 a R$ 2.000,00. Mas quem ainda não possui o equipamento, pode somar neste valor o custo do equipamento que estes profissionais literalmente garimpam e restauram por completo. O valor neste caso vai depender do real estado em que o equipamento se encontra.

O prazo de entrega médio esta em torno de 15 a 20 dias, mas isso depende muito do estilo da restauração e o volume de trabalho dos profissionais.

Mas infelizmente este mercado não vive somente de confetes, existem problemas também e o maior deles são as peças de reposição. Mesmo os profissionais acreditando que a escassez de peças no mercado pode demorar bastante o temor faz parte da vida de todos eles. “Eu acho difícil, já que no Brasil existem milhares de MKs e, além disso, eu tenho um ótimo estoque de peças”, diz Fábio que já se preparou para qualquer eventualidade. Jean completa dizendo que as peças desses equipamentos são muito bem fabricadas e por isso duram bastante.


Veilton também teme a falta de peças, mas ressalta que para sorte de todos a fabricação da MK5G continua e as peças são muito parecidas, mas chamou a atenção de todos que devido à paralisação da fabricação das MKII a valorização das peças aumentou bastante.

Bom, o que podemos dizer é que para o bem de todos nós sempre existirão profissionais sérios e com paixão naquilo que fazem e assim como o exemplo dos toca-discos esperamos que o problema da peça também seja resolvido através da criatividade desses profissionais.

Com relação aos toca-discos podemos afirmar que os mesmo são a prova de um passado de ouro na discotecagem e na vida dos DJs e graças aos profissionais como Arles, Fabio, Jean e Veilton, tais equipamentos continuarão ao alcance dos nossos olhos com mais beleza e imponência. 

Para fechar esta matéria e deixar todos com água na boca, listo abaixo alguns trabalhos simplesmente fantásticos destes verdadeiros Mestres da Restauração. Abraços a todos!

Arles Caetano:


Fabio Leonardo:


Jean Pinheiro:


Veilton Freitas:


Links interessantes:

Arles Caetano:


Fabio Leonardo:

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