domingo, 1 de maio de 2011

Entrevista com DJ Paulo Couto!!!

Paulo a quanto tempo você atua como DJ? Ha mais de 25 anos....comecei a tocar profissionalmente aos 16 anos e hoje tenho 42 anos.

Como se deu conta de que queria ser DJ e como foram seus primeiros passos?

Eu com uns 13/14 anos já gostava muito de musica e gravava o que ouvia nas rádios. Uma vez um amigo fez uma festa de aniversário na casa dele e não tinha ninguém para tomar conta do som, ele me pediu ajuda e achei isto o máximo, deste momento em diante sempre era chamado para comandar o som das festinhas. Depois das festinhas tive a oportunidade de trabalhar como carregador de caixas de som de uma grande equipe de som da cidade, eles faziam shows e bailes, logo me destaquei e passei a tocar pela equipe. Mais tarde comprei um equipamente e passei a ter a minha própria equipe. Depois disso migrei para as cabines das principais casas no Vale do Paraiba, fui residente por anos. Em 2001 passei a ser free lance onde tive oportunidade de tocar em diversos lugares Brasil afora.

Quem foram os DJs que influenciaram sua carreira de DJ?
Nos anos 90 o DJ Ricardo Guedes era “o cara”, sempre me espelhei no estilo dele, e tenho orgulho de ter tocado com este ícone da música eletrônica.
Quando deixei de ser residente, viajei o mundo, fui para Nova Iorque, Londres, Paris e outros lugares e pirei nas influências undergrounds: John Digweed, Sasha, Steve Lawler, Danny Tenaglia, Paul Oakenfold, Carl Cox (que sou fã de carteirinha).
Musicalmente nos anos 80 eu adorava: Kool & The Gang, Earth Wind & Fire, D-Train, disto para o House automático. Nos anos 2000 fiquei louco com o progressive house dos Labels Hooj Choons, Yoshitoshi, Saw, Junior London, Plastic Fantastic. Hoje adoro o som de Nic Fanciulli, Koen Groeneveld, Stefano Noferini, Umek, etc.

Teve oportunidade de conhecer algum pessoalmente? E como foi?
Sim, falei com alguns. Sempre dou um jeitinho de falar um “Hi!”. Sou fanzasso do John Digweed e conversei com ele numa festa em Londres, foi muito legal. Mas foi com o Paul Oakenfold que tive uma experiência muito bacana, quando ele veio tocar no Brasil pela primeira vez, ninguém nem conhecia trance ainda, levei uma capa de cd dele que tinha trazido numa das viagens, quando mostrei ele ficou surpreso e me autorizou a subir na cabine. Fiquei com ele um tempinho na cabine, apertou a minha mão, agradeceu e assinou “Paul Oakenfold In The Mix!”, quando desci todo mundo me olhava como se eu fosse um velho conhecido do cara. Guardo este cd até hoje. Infelizmente nunca toquei com eles, mas seria muito legal.

Você acha que se estivesse iniciando sua carreira hoje seria mais fácil ou mais difícil?
Muito, muito mais fácil, hoje todo mundo é DJ. E se tiver um minimo de noção de marketing, dinheiro e pique para tocar em um monte de baladas fica conhecido muito rápido. Na minha época não existia nada disso, as casas noturnas trabalhavam apenas com um Dj que fazia som a noite toda, portanto muito menos oportunidade de tocar. Hoje tem festa com vários Djs, se voce for amigo de algum promoter já vai tocando. Dá para tocar em 2 ou 3 baladas numa noite. E outra, hoje é barato ser DJ, basta baixar as musicas e virou DJ, na minha época tinha que comprar discos importados caríssimos.
Mas tenho orgulho da época em que comecei, de ter visto a musica eletrônica nascer, as primeiras Raves, as festinhas underground, nossa quanta coisa que passei.

Na sua opinião quais são as grandes diferenças do mercado passado para o atual e como isso influência?
A Informação é completamente diferente. Nos anos 80 e 90, não havia internet, então todas as informações vinham de revistas importadas ou de ouvir os programas dos Djs da época, como o Rádio Flyght do Júlio Mazzei ou o Ritmos de Boates da Mundial do Rio. Hoje existem inumeros sites, é so baixar as musicas e pronto. Nao sou saudosista de falar que antes era melhor e hoje é pior, eu acho que hoje é muito legal também. Comprar um mp3, baixar e já sair tocando é o maximo!

E o público, também mudou? Em que sentido?
O publico muito mudou sim, no sentido musical até evoluiu, antes todos os Djs tocavam quase que as mesmas musicas e com poucas diferenças, então se destacava o DJ que realmente sabia tocar bem. Hoje o publico curte de tudo, house, techno, eletro etc. Isso é muito bacana, acho até mais divertido tocar hoje do que há 20 anos.
Hoje o publico bomba mais, sai suado da casa, não estão nem ae! Antes não, era todo mundo socialzinho, roupa social, sapato...outros tempos!

E como você descreve o Vale do Paraíba referente ao cenário da música eletrônica e da discotecagem?
O Vale virou um lugar excelente para as baladas, há alguns anos só em São Paulo existiam boas festas, hoje temos boas casas e boas festas o tempo todo. Sempre temos Top Djs tocando por aqui. Temos baladas de Lorena a Mogi das Cruzes e do Litoral Norte á Campos do Jordão. O Vale faz parte da cena nacional. Tem vários Top Djs que atualmente vivem no Vale do Paraíba hoje.
O único problema que ainda temos são os excelentes profissionais aqui residem e trabalham, mas que ainda não são valorizados, tipo: “Santo de casa não faz milagre”.

Quais as vertentes da música eletrônica tocadas por você?
Toco house e suas vertentes, progressive house, tech house e techno. Gosto de tocar musica com groove, com linha de baixo bem marcada e sempre misturo uns flash backs que fizeram parte da minha longa carreira, adoro tocar New Order, Inner City, Jaydee, etc.

Qual foi o local onde realmente te fez bem tocar?
Não saberia dizer exatamente, toquei em casas que serão sempre inesquecíveis: New Wave, Phaéton, Cotton Club, Barcelona e Estrutura. Fui considerado e tratado como um top Dj na região, cada casa tem sua história.
Quando passei a ser free lance toquei em inumeras casas pelo Brasil, o Sirena em Maresia, a Mood em São Paulo e a Neo de Porto Alegre fazem parte das minhas melhores lembranças, principalmente pelas pistas bombadas e eu sair como se fosse um Top mesmo! Com um monte de tapinhas nas costas.

E hoje, se pudesse escolher onde gostaria de tocar?
Gostaria de tocar no D-Edge em São Paulo que é um casa sensacional. Mas também podia ser na Space de Miami, na Cielo de Nova Iorque ou na Fabric de Londres, hehehe.

Tem algo na profissão de DJ que lhe incomoda? O que e por quê?
Sim, a situação atual é muito complicada, pois como estamos na era do marketing existe muita gente que nunca deveria estar numa cabine de som, não sou aqueles que ficam criticando os “DJs” que saíram do BBB, mas acho que quem quer ser DJ deve procura estudar para aprender e saber como comandar a pista, os conceitos, a mixar, entender os estilos musicais, etc. O publico não deveria aceitar porcaria, isso eu nunca vi no exterior, talvez até tenha, mas nas casas bacanas nunca vi.

Atualmente onde podemos apreciar as mixagens do DJ Paulo Couto?
Bom, toda sexta-feira na rádio Jovem Pan de São José dos Campos. Nas baladas toco pouco, uma ou duas datas por mês, tenho outras atividades profissionais e os compromissos sociais não me permitem tocar toda semana. Este mês de abril toquei em Campos do Jordão e em uma festa fechada da Calvin Klein. Em maio vou tocar na Arena Red Bull da mega festa no Villa Music Hall e assim vai, to sempre por ae.


Existe algum projeto no qual está envolvido? Qual?
Tenho produzido bastante, recentemente fiz um remix para Rock With You do Michael Jackson que está tocando muito nas pistas e até na Europa. Fora isto tenho várias outras musicas produzidas.

O que recomenda aos jovens que iniciam agora a carreira de DJ?
Recomendo que sejam DJs porque gostam muito das musicas, das pistas e principalmente de ver pessoas felizes, este lance de achar que ser DJ é moda, é bacana, não tem nada haver, vai pagar mico!
Além do talento, a dedicação é o segredo para ser um bom profissional, seja insistente, treine muito para fazer uma boa apresentação, às vezes a chance que se tem de mostrar o trabalho é única. E sempre observe os grandes Djs, pois com certeza eles tem algo á mais para ter chegado onde chegaram.

Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos internautas que vão ler sua entrevista?
Gostaria de agradecer muito aos internautas, recebo diariamente muitos e-mails e mensagens, dos novos e dos antigos amigos, muitos deles agradecendo ou contando sobre alguma balada na qual toquei e que ficou marcada por uma musica ou situação. Adoro a web e hoje não viveria sem ela.

7 comentários:

  1. Profissional ao extremo, humilde e de bom coração, sãs algumas das caracteristicas que destaco desse cara dentre outras boas, parabéns pela entrevista, pela luta e história DJ.

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  2. Boa Paulão!!! Realmente a diferença q encontramos no mercado de hoje entre os profissionais da música em geral, é a capacitação através do estudo, principalmente acoplados as novas tendências e conceitos gerados ao longo da história. Como graduado em música eletrônica, posso adiantar q estamos caminhando para um cenário em nosso país mais conciso e seguro aos q buscam e detém maior conhecimento e portanto se tornam mais respeitados. Esse respeito se deve de fato, a evolução nítida e a necessidade da melhoria dos investidores, q acabam por cansar da "mesmice" dos fake DJS!!!

    abraço!
    Danilo Stellet

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  3. Este é Real DJ!Sem sets prontos,trabalhamos juntos na HOT103 e foi bem bacana,abraços.
    Lino Pedrosa

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  4. Poxa sem comentários... Falou e disse...
    Sempre fui muito fã do Paulo Couto desde a época da Phaeton e essa entrevista tá demais.

    Gramde Abraço DJ

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  5. Este é o MESTRE , quando achei que não tinha mais nada para aprender ele me mostrou que o melhor a fazer é estudar mais.
    Aprendi muito com você Paulo , muito obrigado pelas experiências compartilhadas.

    Abraços DJ.

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  6. AÁÁH MULEQUE !! esse Dj é o CARA , parabens pelo seu trabalho ! e FESTA se num for vc nao é FESTA abraçoos e Sucesso
    deejaychocolate

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  7. Sou de Taubaté...lembro do DJ...tempo inesquecíveis... Phaeton e Estrutura!!!! Abertura era sensacional

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